Enem 2015

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Resultado

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Olimpíada de Português

  A EEB CRISTO REI participou das Olimpíadas da Língua Portuguesa e a aluna Naiara Luisa Hammes passou da fase municipal para a fase regional com o texto "Um orgulho a cada passo". Parabéns a ela e ficamos na torcida para que se classifique na próxima etapa. Acompanhe a seguir o texto produzido pela aluna.
 
 
Um orgulho a cada passo

  Depois do almoço, saímos eufóricos para o "potreiro", e lá era nossa diversão. As famílias numerosas se juntavam e aumentavam ainda mais as brincadeiras, antes de irmos para a roça trabalhar. Ah... Aqueles tempos... Bergamotas voavam sujando trajes por inteiro. Não precisávamos de tecnologias para nos divertir, nem sonhávamos que um dia isso tudo pudesse ser criado. Uma bola revestida com um "saco de ração" e forrado com palha, era algo esplendoroso para nós. Mas sempre havia a escola, para onde íamos a pé, descalços, debaixo de chuva ou de sol. Aparecíamos sujos, mas era o único jeito de termos o mínimo conceito de como ler, escrever, calcular e compreender para depois, tudo isso ser usado a favor do trabalho em casa. 
  Pedaços de tecidos remendados formavam nossas mochilas. Não havia cadernos e nem canetas. Escrevíamos em lousas com algo parecido com giz, na época conhecidos como "Crifhla". Comprar... pss, isso era coisa muito rara. 
  Papai ia de carroça até centros maiores, em que comprava rolos inteiros de tecidos. Trazia-os para casa, e então as meninas é que costuravam as roupas da família. Assim obtínhamos as vestimentas da época. Papai nunca abriu mão de as meninas usarem saias, mesmo no inverno. Segundo ele, calça era coisa de homem. Depois que papai faleceu, em um inverno muito rigoroso, eu e minhas irmãs compramos nossas primeiras calças em um mercado da cidade. 
  Com o falecimento dele, tive que parar de estudar, pois, eu era a primogênita da família, então tive que pegar a carroça, os bois e fazer todo o serviço que seria dado a um homem. 
  Os anos se passaram e vieram os namoricos. Mamãe arranjou pra mim um homem sério, responsável, muito atraente e charmoso. Eu me lembro de que nunca podíamos ficar sozinhos, nos beijar era considerado assédio. Dormir juntos, somente em sonho ou depois do casamento. E foi isso que fizemos... Casamos!
  Depois do casamento, fomos morar em Monte Alverne- Rio Grande do Sul, onde tivemos 5 filhos. 
  Anos depois, em 1960, decidimos explorar outros lugares, e acabamos por vir morar em Santa Catarina, na comunidade de Linha Cristo Rei- São João do Oeste, na época, pouco colonizada. 
  Ao chegarmos à pequena e tímida comunidade, Alfred Shabarum, nos deu abrigo por três semanas, enquanto construíamos nossa casinha a família aumentava. Casa de três cômodos, uma cozinha e dois quartos, do qual a cozinha era nosso canto para dormir na casa de Alfred. 
  Depois de mudarmos para nossa casa agora construída, meu marido e os filhos homens mais velhos, precisavam ajudar na construção do clube, na reforma e ampliação da igreja da comunidade. Foi numa dessas obras, que ocorreu um fato lamentável, o falecimento de meu marido. Carregavam toras de madeira para a construção do clube, quando a catraca -peça que sustentava as toras- quebrou, e uma delas bateu contra a cabeça do meu marido. Ele ficou inconsciente durante algum tempo, horas depois veio a falecer. 
  Os anos se passaram, e meus filhos foram ficando independentes. Casaram, tiveram filhos e netos. E hoje tenho muito orgulho da família que ajudei a formar. Pena que meu marido não está vivo para ver e viver os frutos que plantamos. 

  Texto baseado no depoimento de 
  Maria Schoeninger, 85 anos. 


Aluna: Naiara Luisa Hammes
Professora: Eloide Lurdes Fischer

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